No passado, quando ainda pequeno, eu escutava com muita atenção os mais velhos dizerem que no futuro nós vivenciaríamos situações que fugiriam aos princípios da razoabilidade. Confesso que eu duvidava um pouco daquilo tudo e até considerava ser um sinal de um pouco de pessimismo, mas hoje, já no auge dos meus 53 anos de vida, estou reavaliando minha posição do passado, e começo a concordar com aquelas frases e colocações dos mais velhos.

Na era do WhatsApp, o ser humano, às vezes, se transforma em um animal agressivo e indomável, pois atrás das teclas de um aparelho celular ele digita palavras que com certeza não falaria pessoalmente com as outras pessoas.

É muito comum nos dias de hoje presenciarmos virtualmente brigas e ofensas gratuitas, que não levam a nada a não ser ao divisionismo estimulado por pensamentos de pessoas pobres de espírito e até mesmo de educação. Outro dia tive que sair de um determinado grupo de WhatsApp, pois uma certa pessoa postou naquele grupo que o partido político do qual eu faço parte é “composto de ladrões”. E no mesmo grupo uma outra pessoa postava um recado, incentivando o divisionismo de opiniões e até de ações. Ou seja: você só comprar e frequentar os comércios que pensam como você e que a compatibilidade política seja a mesma que a sua. Meu Deus, que tamanha ignorância, que absurdo, criar o lado A e o lado B. No caso do partido político eu me ofendi não por querer tampar o sol com a peneira, pois no meu partido, assim como em todos os outros, existem de fato ladrões e corruptos que devem pagar pelos atos ilícitos praticados e ir para a cadeia, mas no meu partido existem também, assim como nos outros, pessoas boas, honradas e de caráter, que não compactuam com corrupção e nem com desvio de conduta. As expressões que li naquele grupo ultrapassam os limites da razoabilidade e se aproximam de um atraso desprezível. Será que impulsionar o divisionismo e estimular o ódio ao pensamento contraditório vai resolver? O discurso purista, que, de tão radical, se aproxima da Direita vai resolver? Lógico que não. O que vai resolver de fato é trabalho de conscientização das pessoas e de convencimento, através de argumentações fundamentadas e de estímulo às ações que venham a promover a unidade.

Essa tão falada unidade tem que deixar de ser palavra de vocabulário e ser slogan de trabalho sério e dedicado das lideranças que pensam um país melhor, feito de pessoas que respeitem as diferenças e o pensamento contraditório, pois Democracia é isto. No momento atual em que vivemos, onde as forças dominantes atacam os direitos dos trabalhadores e querem impor uma política que prejudica e massacra milhões de brasileiros, cabe às lideranças trabalhar e organizar a resistência aos ataques – e a unidade será a ferramenta fundamental nessa hora. Sem ela vai ficar difícil e a luta, mais árdua.

Cosme Nogueira

Presidente da FESERP-MG