Dilma precisa se reconciliar com o povo brasileiro
Há exatamente um ano Dilma Rousseff venceu as eleições presidenciais e foi reeleita para mais um mandato. Foi uma disputa acirrada, mas o apoio da classe trabalhadora e dos movimentos sociais fez a grande diferença. O sentimento de não retroceder nos avanços sociais foi fundamental para esse apoio, e em seu discurso de posse Dilma Rousseff foi enfática ao afirmar que iria construir pontes, não de concreto mas sim de alianças e interação com segmentos conservadores da sociedade brasileira e com a própria oposição. E isso ficou bem claro na montagem do ministério, quando da nomeação de Joaquim Levy, que fora indicado pelos banqueiros, e de Kátia Abreu, indicada pelo agronegócio – nomeações rechaçadas pelos movimentos sociais, que cobravam nomes com ligação ao pensamento da esquerda. Mas, a vaca “tossiu” mesmo, Joaquim Levy veio com ajuste fiscal e com propostas de retirada de direitos dos trabalhadores. Aí começou uma ruptura de Dilma Rousseff com aqueles que abraçaram a sua campanha e o desgaste foi inevitável.
Além do desgaste causado por medidas antipopulares veio a chuva de denúncias de corrupção, protocoladas por uma oposição que não merece o crédito. Faltou habilidade do Governo Federal na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, numa articulação frustrada e desastrada de tentar eleger Arlindo Chinaglia, dando chance real ao oportunismo real da corrupção, representada por Eduardo Cunha.
Neste primeiro ano de mandato, o país só assistiu baixarias e jogo de interesses inescrupulosos de parlamentares que nunca deveriam ser representantes do nosso povo. Os interesses da nação foram levados ao segundo plano, dando espaço ao jogo do “quem dá mais?” A desvalorização da nossa moeda, o aumento da inflação, tudo isso aliado ao aumento da taxa de desemprego são as conseqüências dessa barbárie política.
Apoiamos Dilma Rousseff e somos críticos do seu governo, mas defendemos o seu mandato, pois a defesa do mandato de Dilma Rousseff é a garantia da Democracia. Somos a favor da cassação de Eduardo Cunha, pois não existem mais condições morais que o sustente no cargo de presidente do Congresso Nacional. O Brasil não merece isso. Condenação já para todos os envolvidos nos esquemas de desvio de dinheiro público.
Para que o país retome o caminho do crescimento é preciso que a presidente Dilma Rousseff mude a sua equipe de Governo, principalmente a econômica, e, fundamental, abaixar os juros e adotar medidas que incentivem o consumo interno e também a taxação de impostos a grandes fortunas, sejam elas de pessoas físicas ou jurídicas. O mais importante é que Dilma Rousseff se reconcilie com o povo, que ela saia do Palácio, venha para as ruas e encare a população e promova o debate da retomada do crescimento com todos os atores da sociedade brasileira. Nunca é tarde para mudar. A reconciliação do atual Governo com a sociedade brasileira trará de volta a segurança e a harmonia entre nós. As mudanças no Governo terão de acontecer, e para isso nossa presidente terá de mostrar que tem atitude. Pois sem ela, ficaremos reféns do protagonismo dos oportunistas de plantão.
Cosme Nogueira
Presidente da FESERP-MG