Cantata de Natal para a elite e as grandes corporações
Quando o governo da ex-presidente Dilma Rousseff passava por momentos de fragilidade era visível o envolvimento e a participação das grandes corporações apoiando movimentos anti-Dilma e a favor da derrubada de um governo legitimamente eleito pelo povo. Os motivos que levaram a elite e as grandes corporações a apoiarem o impeachment da presidente Dilma estão vindo agora, aos poucos, à tona. Estamos no período natalino, onde o espírito da fraternidade toma conta e contagia a todos nós, e o Governo Federal também está contagiado pelo espírito natalino e fraternal, tanto que nesta terça-feira (20 de dezembro) o presidente Michel Temer vai sancionar a chamada “Lei do Perdão” para as empresas telefônicas. Mas, quem não quer receber um presente de Natal? Os trabalhadores já receberam. O presente dos trabalhadores foi a proposta de Reforma da Previdência, que é um verdadeiro presente de grego, pois só retira direitos e só beneficia banqueiros e fragiliza as relações de trabalho. Já as empresas de telefonia vão receber das mãos do Governo Federal um presente de quase R$ 80 bilhões. Será o perdão das dívidas de multas de punição por serviços não prestados e pelo não cumprimento de metas – e também essas empresas vão receber do Governo Federal a transferência de todo o patrimônio do sistema telefônico em troca de investimentos ainda não definidos. Somados os valores das multas e do patrimônio as empresas serão beneficiadas com um montante que vai de R$ 80 a 100 bilhões. A maior beneficiada é a empresa Oi, a campeão de reclamações dos usuários do PROCON e de onde o atual secretário de Telecomunicações do Ministério, André Borges, é ex-executivo… Qualquer semelhança é mera coincidência – ou tirem, vocês, as conclusões.
As grandes corporações que controlam o sistema telefônico no Brasil são estrangeiras e grande parte dos lucros, do que elas arrecadam, é transferido para fora do país – mas mesmo assim elas estão sendo presenteadas de forma generosa e fraterna pelo Governo neste Natal.
O discurso hipócrita desse Governo é que “estamos atravessando uma crise e que todo esforço deve ser feito por todos os brasileiros”. Ora, se estamos atravessando uma crise e falta dinheiro para prestar serviços básicos à população (como saúde e educação) por que abrir mão de uma receita de quase R$ 100 bilhões? Porque não utilizar esse dinheiro para injetar na previdência pública? Porque penalizar o trabalhador e as camadas mais pobres e beneficiar as grandes corporações? A quem interessa tudo isso?
Nosso país passa por um momento de total fragilidade. Fragilidade política, moral e a fragilidade de reação. O povo brasileiro não pode aceitar calado a esse abuso, a esse verdadeiro crime contra a nação. Este governo está entregando de bandeja o nosso patrimônio para as grandes corporações. Temos que reagir. Somente a nossa reação impedirá esse processo entreguista que beneficia poderosos e esmaga os pobres. A nossa reação impedirá que eles entreguem também a nossa dignidade.
Cosme Nogueira
Presidente da FESERP-MG