Diretora da CSPB repudia anúncio de substituição de professores por plataforma de inteligência artificial em SP
Rosaura Aparecida de Almeida fez alerta nas redes sociais para os riscos à educação de qualidade e humanizada
Nesta segunda-feira (22/04) a Diretora Adjunta de Políticas dos Profissionais da Educação e Cultura da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB, Rosaura Aparecida de Almeida, compartilhou vídeo nas redes sociais denunciando o absurdo da declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) que, no dia (17/04), informou que a gestão paulista pretende substituir professores pela ferramenta de Inteligência Artificial ChatGPT na produção de aulas digitais.
O material didático era produzido até então por professores chamados curriculistas, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. Daqui em diante, esses docentes serão responsáveis apenas por “avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos”, declarou Tarcísio.
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Diante do escárnio a dirigente da CSPB, da Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos no Estado de São Paulo – Fessp-Esp e presidente do Sindicato dos Supervisores de Ensino do Magistério Oficial no Estado de São Paulo – Apase reivindicou:
“A Educação é uma atividade humana. Por isso, o uso do Chat Gpt na rede é uma afronta ao princípio do ensino e da aprendizagem humana. O investimento nesta plataforma deveria ser utilizado para remunerar, valorizar e reconhecer o trabalho dos servidores”, reforçou Rosaura.
Declaração desastrosa
O anúncio do governo Tarcísio em substituir professores por AI causou espanto e revolta entre educadores e estudantes. Tanto é que, durante agenda em Franca, no interior paulista, o governador de São Paulo foi alvo de escracho por parte de estudantes que, de maneira irônica, exibiram cartazes com a seguinte chamada: “Troco o Governador Pelo ChatGPT”.
Ministério Público cobra explicações do governo Tarcísio sobre uso do ChatGPT
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu explicações do governador Tarcísio de Freitas sobre o uso do ChatGPT na produção das aulas digitais. O promotor Bruno Orsini cobrou esclarecimento da gestão sobre a decisão do governo paulista em substituir professores pela ferramenta de Inteligência Artificial.
Dessa maneira, o promotor pediu para que a Secretaria de Educação (Seduc) explique como o ChatGPT será utilizado, a sua funcionalidade e qual será a finalidade pedagógica. A promotoria também quer que estudos e pesquisas que embasaram a decisão sejam apresentados.
Por meio de uma nota, a Secretaria de Educação informou que a substituição de professores por Inteligência Artificial, por hora, é um “projeto piloto”. Além disso, a pasta reforçou que não pretende excluir os professores do processo de elaboração de aulas.
Professores substituídos pelo ChatGPT? Entenda o caso
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai substituir professores pela ferramenta de inteligência artificial, ChatGPT, na produção de aulas digitais. Estas aulas são usadas por docentes e cerca de 3.5 milhões de alunos de todas as escolas da rede estadual paulista.
O material didático era produzido até então por professores chamados curriculistas, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. Daqui em diante, esses docentes serão responsáveis apenas por “avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos”.
Segundo um texto a qual a Folha teve acesso, o ChatGPT vai gerar a “primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria”. A seguir, os professores deverão editar e encaminhar o material para uma equipe que fará a revisão.
A Secretaria de Educação confirmou em nota o uso da ferramenta para produzir as aulas digitais do terceiro bimestre dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do ensino médio.
A ideia de usar a ferramenta de IA para substituir professores foi do empresário, palestrante, e CEO da Multilaser, o secretário de Educação importado por Tarcísio do governo do Paraná, Renato Feder.
Sobrecarga
Os professores eram responsáveis, até o segundo bimestre deste ano, a entregar quatro aulas por semana. A partir de agora, com o uso do ChatGPT, eles passam a ter que entregar três aulas a cada dois dias úteis, o que dá, pelo menos, seis por semana.
Professores já estão avisados
A Secretaria de Educação afirmou através de nota que o processo “ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação.”
Os professores curriculistas, no entanto, já receberam as orientações sobre como devem trabalhar nas próximas semanas.
A Revista Fórum perguntou ao ChatGPT o que ele acha da medida, abaixo a resposta da plataforma de IA:
Fórum: O que você acha do uso do ChatGPT no lugar de professores para elaboração de aulas digitais?
Resposta do ChatGPT: O uso do ChatGPT para elaboração de aulas digitais pode ter algumas vantagens e desafios. Por um lado, o ChatGPT pode fornecer informações precisas e detalhadas sobre uma variedade de tópicos, o que pode ser útil para complementar o ensino tradicional ou para fornecer informações adicionais aos alunos. Além disso, o ChatGPT pode criar conteúdo de forma rápida e eficiente, o que pode ser útil para professores que estão sobrecarregados de trabalho.
Por outro lado, o ChatGPT pode não ser capaz de fornecer o mesmo nível de interação e engajamento que um professor humano pode oferecer. Os professores têm a capacidade de adaptar seu ensino com base nas necessidades individuais dos alunos, responder a perguntas de forma personalizada e criar um ambiente de aprendizado colaborativo. Além disso, o ChatGPT pode não ter a mesma sensibilidade cultural ou emocional que um professor humano, o que pode afetar a qualidade do ensino.
Em resumo, o ChatGPT pode ser uma ferramenta útil para complementar o ensino tradicional, mas é importante considerar suas limitações e garantir que os alunos ainda tenham acesso a interações significativas com professores humanos.
Fonte: Revista Fórum com adaptações da Secom/CSPB