CSPB participa de ato contra o juiz Marcos Scarlercio, que acumula quase 90 denúncias de assédio
Já são 87 mulheres que denunciam o juiz Marcos Scalercio por assédio e, nesta terça (23), ato no Fórum da Barra Funda cobra resposta da Justiça. Kátia Rodrigues, Diretora de Mulheres da CSPB, reforça: “Mexeu com uma, mexeu com todas!”
Nesta terça-feira (23/08), a Diretora de Assuntos da Mulher e de Gêneros da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB, Kátia Rodrigues, participou de ato contra o juiz substituto no Tribunal Regional de Trabalho (TRT) da 2ª região e professor de Direito Material e Processual do Trabalho na Damásio Educacional, Marcos Scarlercio. O magistrado segue acumulando dezenas de denúncias de assédio. Na semana passada, quando as primeiras denúncias se tornaram públicas, havia 10 relatos mulheres que acusavam o juiz. Na data de ontem, enquanto durante a manifestação no Fórum da Barra Funda pedindo o afastamento do juiz, as denúncias já registravam 87 casos de assédio.
“As entidades sindicais e o movimento de mulheres seguem unidos para denunciar o agressor e cobrar o afastamento deste juiz assediador. Buscamos justiça! Queremos que as graves denúncias sejam apuradas e que as penalidades judiciais resultantes sejam aplicadas. É preciso demonstrar que estamos vigilantes e tal prática criminosa não seguirá impune. Mexeu com uma, mexeu com todas!” afirmou Kátia Rodrigues.
Assista a participação da líder sindical:
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Além de reivindicar o afastamento imediato de Scarlercio, os organizadores da manifestação acentuaram que já havia outras denúncias no TRT-2 de três mulheres, mesmo assim o processo foi arquivado. Diante da publicização do caso, o tribunal regional onde Marcos trabalha apenas concedeu férias ao magistrado, sem qualquer medida de apuração interna.
A ong Me Too recebeu, desde 2020, as denúncias dessas 10 primeiras mulheres, entre elas 3 resolveram seguir com seus casos na justiça, que são os processos que atualmente estão abertos. Das outras mulheres que buscaram a ong, 18 decidiram levar a denúncia ao Conselho Nacional do Ministério Público e 2 ao Ministério Público de São Paulo. Após terem sido reveladoas as denúncias, a Damásio Educacional informou por nota que Marcos não possui mais nenhum vínculo com a instituição. Além disso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério Público Federal (MPF) analisam os processos, que estão em sigilo.
Em matéria publicada nos Jornalistas Livres, a coordenadora e a fundadora da ong Me Too, Marina Ganzarolli e Luanda Pires, manifestaram a sua indignação diante do caso de Marcos Scalercio. Para elas, não é possível que juizes e promotores no Brasil estejam acima da lei, que deve valer igualmente para todos. Outro questionamento que surgiu foi a forma que a Justiça conduz as investigações de assédio. Por exemplo, questionaram o por quê da Justiça não ter apreendido o celular do juiz, que poderia apresentar inúmeras provas contra a sua pessoa.
“Então, por exemplo, ‘ah, o CNJ não encontrou, o TRT não encontrou também nenhum indício’, eu devolvo uma pergunta para ambas organizações. Eles aprenderam o celular do magistrado? Foi realizada uma perícia no celular do magistrado? Então, na verdade não existe vontade política, não existe vontade organizacional, não existe investimento público na polícia civil, na política pública e na capacitação para fazer essas investigações”. (Marina Ganzarolli).
* Texto de referência de Emanuela Godoy
Fonte: Jornalistas Livres com adaptações da Secom/CSPB