Bem vindo ao site da FESMIG

E-mail:

atendimento@fesmig.com.br

Visite-nos:

Rua Rio de Janeiro 282 – 8ª andar, salas 806, 807, 808 e 809 | Edifício Gontijo – Centro | Belo Horizonte – MG CEP: 30160-040

Notícias

Desemprego, queda de renda e pobreza elevam dependência de programas sociais no Brasil

por Vitor Nuzzi, da RBA

foto: Reprodução/Prefeitura de Santos

Sem benefícios, desigualdade e pobreza seriam ainda maiores. País tem 12 milhões na extrema pobreza e 51 milhões na pobreza, segundo o IBGE

Com emprego e renda em queda em 2020, a desigualdade e a pobreza no Brasil só não aumentaram devido aos programas sociais, que o governo implementou sob pressão. A queda na renda fez aumentar a dependência de benefícios. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta sexta-feira (3) pelo IBGE, a proporção da população em situação de extrema pobreza caiu para 5,7% no ano passado (12,046 milhões de pessoas), mas sem os programas teria aumentado para 12,9%.

O mesmo teria ocorrido com as pessoas em situação de pobreza, que poderiam chegar a 32,1% da população. Ainda assim, representam quase um quarto (24,1%). São 50,953 milhões de brasileiros nessa situação.

A participação do rendimento do trabalho na renda total caiu de 74,4%, em 2019, para 72,8%. Já o peso dos programas sociais saltou de 1,7% para 5,9%. O levantamento do IBGE já mostra queda drástica da presença do Bolsa Família, que o atual governo acaba de extinguir.

Desigualdade

No caso do índice de Gini, que mede a desigualdade, havia tendência de queda ate 2015. Naquele ano, o indicador estava em 0,540 (quanto mais próximo de 0, menor a desigualdade), sem considera os programas sociais. Passou a subir em 2016 (ano do impeachment), estacionou em 2019 e subiu no ano passado, quando chegou a 0,573.

Incluídos benefícios de programas sociais, o índice de Gini vai a 0,524 em 2015, repetindo esse comportamento. Em 2020, voltou ao mesmo nível.

No caso da extrema pobreza, o melhor resultado dos 10 últimos anos também foi em 2014 (antes do impeachment): 4,7% da população com e 7,3% sem benefícios sociais. O mesmo acontece em relação à pobreza, que naquele ano somava 23,8% e 26,2%, respectivamente.

Metade fora do mercado

De acordo com o IBGE, a queda no emprego repercutiu também na da renda. O rendimento médio domiciliar per capita caiu 4,3% de 2019 a 2020, para R$ 1.349. Sem os programas sociais, recuaria 6%, para R$ 1.269. “O décimo da população com a menor remuneração teria perdido 75% de seus rendimentos.”

Com a pandemia, o nível de ocupação caiu para 51%, o menor nível da série. Isso significa que quase metade da população em idade de trabalhar estava fora da força de trabalho. A taxa média de desemprego foi de 13,8% em 2020, quase o dobro do registrado em 2014 (7%). Até pela queda na ocupação, a informalidade caiu para 38,8% dos ocupados – mas o dado mais recente, divulgado nesta semana, já mostra alta (40,6%).

O total de ocupados no país, na média, foi de 86,873 milhões em 2020. Houve queda de 8,7% na comparação com o ano anterior (94,956 milhões). Em serviços de alojamento e alimentação (que inclui bares e restaurantes, por exemplo), essa queda foi de 21,9%. Em serviços domésticos, de 19,6%. A ocupação caiu 7% na agropecuária, 8,5% na indústria e 10,1% na construção civil.

Brancos ganham até 73% mais

A SIS mostra enorme diferença na remuneração. A população ocupada branca teve rendimento médio de R$ 3.056, 73,3% maior que a de pretos e pardos (classificação do IBGE): R$ 1.764. No recorte por gênero, homens (R$ 2.608) ganhavam, em media, 28,1% a mais que as mulheres (R$ 2.037). “Com a pandemia, 18,6% dos trabalhadores foram afastados do trabalho. Esse afastamento foi maior entre as mulheres (23,5%) do que entre os homens (15,0%)”, informa o instituto.

Considerando o rendimento médio por hora, a diferença é de 69,5% entre brancos (R$ 18,40) e pretos/pardos (R$ 10,9). Entre trabalhadores com ensino superior completo, fica em 44,2% – R$ 33,8 e R$ 23,4, respectivamente.

Home office

O trabalho remoto (home office) envolvia 8,7% dos ocupados em novembro de 2020. Permaneceu acima de 10% de maio até agosto. Entre as mulheres, chegou a 12% em novembro e a 14% em agosto. No caso dos homens, de 6,3% (novembro) a 8,4% (maio).

Outro efeito da pandemia foi a alta expressiva do número de mortes no Brasil. De 2019 para 2020, o crescimento foi de 15%, para 1,6 milhão de óbitos. Nos 10 anos anteriores, de 2010 a 2019, a média anual foi de 1%.

Na questão da moradia, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, aponta 10,3% da população em domicílios sujeitos a inundação. Na região metropolitana do Rio de Janeiro, esse percentual sobe para 28,2%. Também no Grande Rio, mais de um quarto (26,2%) dos trabalhadores demoravam mais de uma hora para se deslocar de casa ao serviço. Na região metropolitana de São Paulo, eram 22,8%. Para 26,9% da população branca, a moradia tinha pouco espaço. Entre pretos e pardos, 38,2%.