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Aulas presenciais só serão seguras com vacinação de crianças e adolescentes, diz Fiocruz

Redação – Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ)
 Foto: Noel Celis/AFP

Documento avalia que escolas podem fechar, na dependência de transmissão elevada ou aumento de casos

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou na última segunda-feira (23) o documento “Recomendações para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia de Covid-19”, baseado em evidências e informações científicas e sanitárias, nacionais e internacionais, sobre o retorno às atividades escolares.

A edição traz como novos elementos questões como a vacinação de crianças e adolescentes, a transmissão aérea da covid-19, os possíveis riscos em ambientes fechados e como enfrentá-los, entre outros temas.

O documento da Fiocruz aponta que a vacinação de jovens de 12 a 18 anos pode significar um retorno mais rápido à prática de esportes e outras atividades e a uma socialização mais completa, incluindo o fortalecimento das relações intergeracionais na família e na comunidade.

A implementação da vacinação para adolescentes pode reduzir significativamente o fechamento prolongado de turmas, escolas e interrupções de aprendizagem. O documento, tendo como base estudos internacionais, lembra que a vacinação de adolescentes em situação de vulnerabilidade clínica ou necessidade educacional especial pode ajudar a garantir a segurança e a oportunidade de acesso à escola e a educação.

“O risco de afastamento dos menores de 18 anos de suas atividades normais como escola e eventos sociais pode se revelar um risco maior do que o da própria Sars-CoV-2 para eles. Não há razão para acreditar que as vacinas não devam ser igualmente protetoras contra a Covid-19 em adolescentes como são em adultos e, em conjunto com as medidas de distanciamento e uso de máscaras, propiciem um retorno às aulas ainda mais seguro”, comenta Patrícia Canto, coordenadora do grupo de trabalho (GT) da Fiocruz sobre o assunto.

O GT Fiocruz ressalta que em um cenário de alta transmissão comunitária do Sars-CoV-2, ainda com uma cobertura vacinal completa inferior a 30% da população no Brasil, o funcionamento das escolas com atividades presenciais precisa estar associado à manutenção das medidas não farmacológicas de controle da transmissão.

O documento informa que os protocolos para o retorno seguro passaram a considerar, sobretudo nos ambientes escolares, a seguinte composição de prioridade para as medidas protetivas: adaptação para ventilação e melhoria da qualidade do ar dos ambientes; uso de máscaras com comprovada eficácia; definição de estratégia para rastreamento e monitoramento de casos e contatos na escola e medidas para suspensão de atividades presenciais; manutenção do distanciamento físico de, pelo menos, 1,5 metro; e orientações sobre higienização contínua das mãos.

Além disso, a publicação avalia que escolas podem fechar, na dependência de transmissão elevada ou aumento de casos, e devem atender a todas as medidas indicadas pelas autoridades sanitárias que garantam a maior segurança nas atividades presenciais. A decisão sobre o melhor momento para a reabertura deve seguir as orientações dos indicadores epidemiológicos, sem que se esqueça dos grandes malefícios do afastamento prolongado das atividades presenciais na saúde de crianças, jovens e adultos, bem como dos prejuízos para a educação e a formação de toda uma geração.

Para a maior segurança de toda comunidade escolar, as pessoas com sintomas respiratórios não devem sair de suas casas, exceto para procurar serviços de saúde, devem evitar utilizar transportes públicos e não devem frequentar aulas ou o local de trabalho.

O grupo da Fiocruz deixa claro, no entanto, que o plano de retorno às atividades presenciais de ensino deve ser aprovado após ampla discussão com a comunidade escolar e continuamente atualizado. E que é importante o envolvimento dos alunos, crianças, adolescentes ou adultos, na tomada de decisões. O documento traz ainda indicações para medidas de suspensão de atividades presenciais mediante o rastreamento de casos e contatos nas escolas. E aborda a ventilação e outros parâmetros que influenciam o risco de infecção aérea da Covid-19.

O GT também valoriza a ampliação do acesso da vacinação dos educadores, aliada a estratégias de monitoramento e vigilância permanente, para a melhor gestão do plano a ser estabelecido pela comunidade escolar. Segundo Patrícia Canto, o aprendizado sobre a pandemia é diário e tem sido apresentado em grande velocidade, por isso o documento precisa ser entendido no contexto na data de elaboração e estará sujeito a revisões e atualizações sempre que necessárias.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda