Centrais sindicais pedem auxílio emergencial de R$ 600 e vacinas
Por Rádio Peão Brasil – RPB
Foto: Prefeitura de Caruaru
Em transmissão ao vivo, nesta quarta, 24, com a participação da governadora Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, os presidentes das centrais Força Sindical, CUT, UGT, CTB, CSB e Nova Central, exigem vacinas para todos e auxilio de R$ 600, além de emprego e renda e lockdown contra a pandemia. Dirigentes reforçam importância de uma paralisação total por 21 dias e a necessidade de proteção social.
Participaram Miguel Torres (Força Sindical), Sérgio Nobre (CUT), Adilson Araújo (CTB), Ricardo Patah (UGT), Antonio Neto (CSB) e José Reginaldo Inácio (Nova Central).
Representando o Fórum Nacional de Governadores, Fátima Bezerra, governadora do Rio Grande do Norte, afirmou durante a transmissão que nenhum governante “fica feliz em adotar medidas de restrição, mas elas são necessárias nesse momento, para salvar vidas”.
“Não é fácil adotar medidas mais duras, mas temos que ter responsabilidade e em momentos de crise temos que fazer escolhas para garantir a sobrevivência à população”, disse a governadora.
Para Miguel Torres, o Brasil precisa parar por vários dias, por meio de lockdows planejados e organizados em todo o País, para frear a pandemia da covid-19 – que já matou mais de 300 mil pessoas no Brasil, principalmente por causa do negacionismo e da falta de uma coordenação nacional, por parte do governo e do Ministério da Saúde, de combate à disseminação da doença.
“Precisamos urgente de milhões de doses de vacinas, de rapidez na vacinação, de apoio às micro, pequenas e médias empresas que geram empregos, de solidariedade às populações socialmente mais vulneráveis, contra a fome e o risco social, do retorno do programa de proteção ao emprego e à renda e do auxílio emergencial de no mínimo R$ 600 mensais, para quem precisa (desempregados e informais), até o fim da pandemia”, diz Miguel Torres, também presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.
Sérgio Nobre, presidente da CUT, reforçou que, conforme atestam os cientistas, “a medida mais adequada para frear a pandemia é um lockdown nacional de 21 dias”. Mas, ele ressaltou, para isso é preciso ter condições se referindo à necessidade do auxílio emergencial para que as pessoas possam sobreviver em casa e não terem de enfrentar riscos de contaminação nas ruas por precisarem sair para trabalhar.
“O trabalhador sabe dos riscos de sair, mas vai porque precisa sobreviver e o [novo] auxílio emergencial não compra nada. É um desrespeito”, disse o dirigente se referindo aos valores definidos pelo governo para a nova fase, que vão de R$ 150 a R$ 375.
Adilson Araújo, presidente da CTB. afirmou que o Brasil se encontra num estado grave. Sob a prevalência do negacionismo, das doses de cloroquina e ivermectina o país caminha para seu estado terminal. O sindicalista enalteceu a iniciativa das centrais. “É muito importante esta data para uma profunda reflexão. Devemos ultrapassar hoje a trágica marca de 300 mil mortos pela Covid-19. O grau de maturidade alcançado pelas centrais tem se revelado uma grandeza de fundamental importância”, ressaltou
José Reginaldo Inácio, presidente da NCST, alertou que é primordial dar atenção especial para o Sistema de Saúde e que o colapso dos hospitais brasileiros de que tanto foi alertado que ocorreria, não sensibilizou, em um passado muito recente, a autoridade federal.
O sindicalista disse ainda que nem sequer os fundamentos de um estado democrático estão sendo respeitados, com atropelo na aprovação de leis que agem contra a racionalidade para a recuperação econômica, sanitária e social do país e reforçou que a Emenda Constitucional 95 continua e continuará matando se não for imediatamente extinta. “O governo tem transformando o Brasil em um hospedeiro do mal, desfigurando uma população conhecida pela alegria que, nos dias atuais, anda triste e em luto pelas mortes de seus familiares e amigos. É preciso interromper esse ciclo de expansão funerária e da miséria social em nosso país”, alertou o presidente da Nova Central.
Com mediação de Clemente Ganz Lúcio, do Dieese, o evento contou com as participações especiais da governadora Fátima Bezerra (RN), do Fórum Nacional de Governadores e do Consórcio do Nordeste, e de Ildeu Moreira, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
Auxílio Emergencial
O auxílio emergencial, amplamente defendido pelos presidentes das centrais para que seja pago, no mínimo, no mesmo valor do ano passado também foi citado por Fátima Bezerra como fundamental para a estratégia de conter o avanço da pandemia. “É inadmissível o auxílio ter sido cortado. Só um governo que não tem a sensibilidade de entender o drama que as famílias de baixa renda passam, toma uma atitude de tanto desprezo como foi suspender o auxílio em dezembro”, disse a governadora.
Ela contou ainda que no ano passado, governadores do Nordeste tiveram uma reunião com Bolsonaro e quando apresentaram a ideia de um programa de renda básica, o governo se mostrou indiferente.
Para ela, mais do que nunca, um dia nacional de luta, como esta quarta-feira, Dia de Luta em Defesa da Vida, da Vacina, do Emprego e do Auxílio Emergencial de R$ 600 – Lockdown Nacional – deve ganhar fôlego pelo Brasil e “tocar os corações” do Congresso Nacional, para que parlamentares se sensibilizem sobre o tema.
A governadora reforçou ainda que “sem suporte social para famílias de baixa renda, não haverá condições de segurar medidas restritivas por mais tempo”.
Dia de conscientizar a população
O objetivo da Live assim como do conjunto de atividades realizadas em todo o país é conscientizar a população acerca do caos social, econômico e, principalmente, de saúde, vivido pelo Brasil atualmente, consequência da política genocida de Bolsonaro.
As lideranças sindicais alertam que o presidente continua negando a ciência, minimizando a pandemia, desdenhando de medidas protetivas contra a contaminação e tentando incitar a população a acreditar que a crise sanitária é um “exagero”, enquanto o país caminha para as mais de 300 mil vidas perdidas para Covid-19.
É dia também de lutar pelas vacinas para todos e todas, por emprego e por um auxílio emergencial de R$ 600.
Vacinação em massa
Vacinas contra Covid-19 para todos e todas foi outro ponto destacado pelos dirigentes das centrais e também pelo representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira. Ele afirmou que a vacina pode resolver de forma efetiva o avanço da pandemia e que “o governo tem total responsabilidade quanto à imunização da população”.
Para combater o negacionismo do governo que resulta na falta de ações de enfrentamento, inclusive a negligência na aquisição de vacinas, e que tem custado a vida de muitos brasileiros, a SBPC apresentou ao Congresso um documento propondo um conjunto de medidas para enfrentar a pandemia, entre elas, o lockdown total no país, como exigem os presidentes das centrais sindicais.
“É importante ter um plano nacional porque o Brasil tem infraestrutura para isso. No entanto, foi a política de descoordenação, de negacionismo e desmonte que favoreceu a morte e não a vida”, afirmou Ildeu Moreira.
No mesmo tom, Antônio Neto, presidente da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB) criticou o atraso do Brasil na imunização e se referiu a tratamentos precoces como charlatanismo. “A vacina é uma das únicas formas de fazer com que tudo possa voltar ao normal e muitos países são exemplo disso”, ele disse.
Para Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), é grave o estado do país. “Sobra a prevalência do negacionismo, das doses de ‘cloroquina’, de Ivermectina e o Brasil caminha para seu estado terminal”, criticou o dirigente.
Emprego
Ainda para o presidente da CTB, o debate sobre reverter o quadro de desemprego no país está associado à discussão do afastamento de Bolsonaro.
“Temos 14 milhões de desempregados hoje. A Pnad [pesquisa feita pelo IBGE], diz que 79 milhões de pessoas estão fora da força de trabalho. Não temos nenhuma perspectiva de geração de empregos. Portanto, não tem como querer geração de emprego e renda à luz da mediocridade mediana de Bolsonaro”, disse Araújo.
Ação das centrais
Desde o início da pandemia, as centrais sindicais lutam por soluções que protejam os trabalhadores. Exemplo mais claro é o auxílio emergencial que, por pressão das entidades, foi aprovado pelo Congresso em março do ano passado com valor de R$ 600 – o triplo do que pretendia Bolsonaro na época.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), lembra que o esforço das centrais sensibilizou o Parlamento para virar o jogo, o que “salvou pessoas que já estavam à margem da miséria”. O dirigente lembrou ainda que o programa, como foi aprovado, influenciou também na redução da queda do PIB.
“[A queda do PIB] Teria sido de 9%, o dobro do que foi realmente, 4,9%. A pobreza hoje seria ainda maior do que é”, disse Patah.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, lembra que Bolsonaro foi obrigado a assinar a Lei que instituiu o auxílio, mas de lá para cá, “o governo não fez mais nada que pudesse enfrentar a pandemia. Negou a ciência, quaisquer medidas de enfrentamento e divulgou remédios sem eficácia”.
Por isso, ele disse, as centrais se mantiveram unidas na pauta que trata, em primeiro plano, da vida e dos trabalhadores mais vulneráveis. Em janeiro deste ano, as centrais elencaram as cinco prioridades na luta contra a Covid-19: vacina já!, auxílio emergencial, proteção ao emprego e renda, financiamento a micro e pequenas empresas e uma campanha nacional de solidariedade.
Sérgio Nobre afirmou que a proteção ao emprego é importante, mas a proteção às empresas também é necessária.
“Pequenos negócios estão morrendo. Essas pequenas empresas são responsáveis por metade dos empregos gerados no país e precisam de linha de crédito a fundo perdido. Elas não têm como devolver, todo mundo sabe disso, precisam ser salvas”, disse o presidente da CUT.
Orçamento
Tema de relevância, o corte de R$ 36 bilhões na saúde, no orçamento da União para 2021, foi citado pelo presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), José Reginaldo Inácio.
Para ele, a atenção que o governo federal dá ao Sistema Único de Saúde (SUS) afronta o mundo inteiro, e para o SUS cumprir sua missão, tem que ter orçamento.
“A saúde precisa sobreviver, mas o governo está transformando o Brasil num hospedeiro do mal. O povo brasileiro, antes feliz, agora é um povo sofrido que o mundo não quer nem chegar perto”, disse o dirigente.
Os dirigentes sindicais fizeram um último apelo para que a população fique em casa, se possível, evite aglomerações, mantenha o distanciamento social seguro, use máscara, álcool gel, faça higienização constante das mãos e mantenha hábitos saudáveis de vida.
Fonte: Centrais Sindicais