Para dar continuidade à série de matérias para conhecer mulheres que movem o mundo sindical em Minas Gerais e são ou estão ligadas à Feserp Minas, hoje mostramos um pouco da jornada de Ernaldina Sousa Silva Rodrigues, conhecida como Dina, a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Pirapora/MG – Sindipira. A aproximação  de Dina com o Movimento Sindical aconteceu na década de 90, período de fundação do Sindipira, ao qual é presidente desde 2017.  Durante todo esse período ligada ao Sindicato, sempre teve atuação de enfrentamento nos momentos de luta, nas greves, nos piquetes, pelos direitos dos servidores públicos, que, afinal, também são direitos dela.

Em conversa com a Feserp Minas, Dina elencou uma série de desafios frente ao Sindipira para o direito dos servidores:

1. Melhoria das condições de trabalho de todos os servidores, que atualmente encontram-se sem suprimentos e equipamentos adequados para o exercício de suas funções;
2. Pagamento dos adicionais de insalubridade e/ou periculosidades para os servidores que exercem atividades insalubres e/ou perigosas;
3. Adequação dos Planos de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV) dos servidores municipais;
4. Correção da tabela salarial do Magistério para sua adequação à legislação do Piso Salarial Nacional, bem como cumprimento de 1/3 da jornada de trabalho dos professores da educação básica para atividades extraclasse;
5. Agilidade nas análises, concessões e pagamentos das progressões funcionais;
6. Adequação da Lei n. 2.196/2013 que trata do PCCV da Guarda Municipal de Pirapora à Legislação em vigor;
7. Extinção dos desvios de função dos servidores;
8. Pagamento de 100% do salário aos servidores afastados em auxílio doença;
9. Extinção da prática constante de assédio moral, notadamente vertical, no Município.

Segundo a sindicalita, é essencial, neste momento, a necessidade de luta para garantir a manutenção das condições dignas de trabalho, bem como a proteção social durante a pandemia.

A presidente do Sindipira é formada em Pedagogia, mestra em Educação e especialista em Gestão Pública. Trabalhou, por muito tempo, como professora de cursos técnicos e de graduação pelo Estado de Minas Gerais. Desde 1989 é servidora efetiva da Prefeitura Municipal de Pirapora como oficial e analista administrativa, além de trabalhar na modalidade de cargo comissionado nas áreas de qualificação profissional, trabalho e renda.

Desde seus 18 anos de idade está envolvida com movimentos sociais, por meio de associações de moradores, luta pela terra, mutirões de moradores, dentre tantos outros. Já foi filiada e militante do Partido Comunista Brasileiro, partido de Olga Benário Prestes, uma de suas referências pessoais.

Ao falar sobre seu gênero e suas semelhantes, Dina afirmou que a mulher teve a autonomia, liberdade de expressão, ideias e posicionamento sufocados por muitos anos. “A mulher assume hoje um lugar diferente na sociedade, com possibilidades, mais responsabilidades, com liberdade. Hoje as mulheres não ficam apenas restritas ao lar (como donas de casa), mas comandam empresas, cidades, países, etc. Porém, mesmo com os considerados avanços na emancipação da mulher no Brasil e no mundo, há necessidade que as questões de gênero estejam sempre na pauta das discussões da sociedade civil e do Estado, dada a importância da defesa dos direitos e da igualdade entre homens e mulheres, para que realmente seja possível a construção de um mundo mais justo e diverso.”, declarou a sindicalista.

Na luta sindical seu objetivo sempre foi defender os interesses dos trabalhadores. Assumir essa função a levou sofrer perseguições, que se agravaram em diversos momentos da própria história, nas diversas frentes de lutas por melhores condições de trabalho. Dina entende que o respeito deveria ser parte das relações, as mulheres deveriam ser naturalmente respeitados por todos, não deveriam estar condicionadas a nenhuma luta.

No seu recado final ao mês das mulheres, Dina falou por ela e através de suas referências artísticas o que prega para a sociedade e para as mulheres:

“Como canta Gonzaguinha: devemos ‘nascer sempre com as manhãs’ e viver um dia de cada vez, buscando sempre serenidade, coragem e sabedoria. Com isso, que possamos buscar mais participação nos espaços de poder e na tomada de decisões, para que consigamos efetivamente ajudar a construir uma sociedade mais justa. Gosto sempre de lembrar de Guimarães Rosa: ‘O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.’ Desejo muita coragem para todas, para continuar vivendo nesse mundo de Deus.”

Ernaldina Sousa Silva Rodrigues, a Dina

Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Pirapora/MG – Sindipira