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Mês da Mulher: “O abismo sócio-econômico-cultural e racial nunca foi tão desumano e explícito”

No Mês da Mulher, o SINSERPU-JF vai dar, neste espaço, voz a Elas. O terceiro depoimento, de uma série, é de Fernanda Carvalho, servidora pública municipal e diretora de Legislação e Assuntos Jurídicos do SINSERPU-JF.
“A luta da mulher negra historicamente é sempre relembrada e vem sendo sempre debatida nos espaços acadêmicos e institucionais com o intuito de tentar entender melhor o que acontece. Porém, com a crise sanitária trazida com a pandemia do Covid-19 muitas mulheres negras perderam seus empregos, e para levar comida para casa se sujeitam a cumprirem longas horas de jornada de trabalho e recebendo pouco.
O abismo sócio-econômico-cultural e racial nunca foi tão desumano e explícito.
A mulher negra e todas as outras mulheres que trabalham fora exercem dupla e às vezes até tripla jornada de emprego, pois a grande maioria dessas mulheres, ao chegar em casa, tem que cuidar da sua casa, dos filhos, da alimentação, atividades escolares, ou seja, têm que conciliar todas essas tarefas e ainda ter tempo para o marido.
Além da desigualdade salarial, as mulheres negras ainda lutam diariamente contra o racismo estrutural que está enraizado na sociedade. Sem falar no assédio sexual nos meios de transporte, na crescente onda de feminicídio e também nos crimes domésticos.
Isto posto, ainda encontramos a barreira para a ascensão profissional, onde as mulheres podem ter qualificação técnica que ainda assim são preteridas quando vão pleitear por cargos de destaque em empresas, indústrias, fábricas etc.
A batalha da mulher é uma constante, ela luta contra o machismo, o sexismo, o assédio moral e sexual não somente no serviço privado, mas no serviço público também.
O mês de março, para mim, representa luta, empoderamento, reflexão, esperança e dias melhores para todas as mulheres sejam elas negras, brancas, indígenas, quilombolas, LGBTS, transexuais, pois acredito que cada uma tem sua luta, marcada por outras tantas lutas internas, de dor e lágrimas, risos e afagos, de felicidade e tristeza.
     Toda mulher merece respeito e dignidade”