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Juiz de Fora: “Houve uma articulação histórica para esvaziar o conteúdo político do 8 de Março”

No Mês da Mulher, o SINSERPU-JF vai dar, neste espaço, voz a Elas. O primeiro depoimento, de uma série, é de Deise da Silva Medeiros, auxiliar de enfermagem da Sala de Urgência do HPS, diretora de Saúde do SINSERPU-JF e dirigente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), da FESERP-MG (Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais de Minas Gerais) e da AMETA (Associação dos Servidores Públicos Federais, Estaduais e Municipais de Urgência e Emergência da Saúde do Município de Juiz de Fora).

“Um pouquinho da história real do 8 de março cai bem! A data é totalmente marcada pela história da luta socialista das mulheres, que não desvincula a batalha pelos direitos mais elementares – que, naquele momento, era o voto feminino – da batalha contra o patriarcado e o sistema capitalista da época. Entretanto, houve uma articulação histórica para esvaziar o conteúdo político do 8 de março, transformá-lo em “uma data simbólica inofensiva” e em um nicho de mercado, apagando sua origem operária.

No dia da mulher, compram-se flores e presentes para as mulheres. Tentam esconder o conteúdo subversivo do significado desse dia, que é questionar o patriarcado. Tentam esconder que a luta das mulheres sempre esteve vinculada à luta socialista, perigosa para o status quo. Ainda assim, a data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975 e a cada 8 de março as mulheres trazem à tona questionamentos sobre a hipocrisia em torno das homenagens que recebem apenas nessa data. Em todos os dias do ano, o gênero feminino é o principal alvo da violência e da desigualdade.

Em resposta, trabalhadoras em todo o mundo se organizam cada vez mais pela defesa de seus direitos. É importante resgatar a verdadeira origem do “Dia Internacional da Mulher”, pois, foram as proletárias que avançaram efetivamente em medidas concretas para atacar os pilares que sustentam a opressão às mulheres. Mais do que nunca, precisamos da organização dos trabalhadores com as mulheres à frente, mostrando que somos vanguarda, inclusive da classe operária. Enfim, sacudindo os movimentos, os sindicatos, com toda força expressada internacionalmente. Tenho grandes expectativas para o 8 de março de 2021, que mesmo com a pandemia do novo coronavírus, a nova maneira de viver e conviver, esta data seja comemorada com várias formas de mobilizações (respeitando as orientações de saúde relacionadas à Covid-19) em dezenas de países e em todos os estados do Brasil.

O 8 de março que estamos vivendo agora precisa ser internacional, como parte da luta por uma paralisação internacional de mulheres, que enfrente todos os governos de extrema direita, os quais retiram direitos adquiridos através da enorme luta de todas nós. Essa é a perspectiva que deveria ser levada adiante.       Por Marielle e por todas as mulheres assassinadas. É preciso entender que precisamos lutar por uma nova sociedade e defender, mais uma vez, o legado das mulheres revolucionárias, que vão mudar o mundo.

Vivemos dupla, às vezes tripla, jornada e ainda sofremos com uma imensidão de desigualdade de gênero. É preciso mudar essa realidade. É preciso intensificar o questionamento acerca da clivagem entre os tradicionais papéis masculino e feminino, para que haja efetiva mudança. A ascensão desigual das mulheres em relação às oportunidades econômicas e sociais que compõem o processo de desenvolvimento precisa ser revista.  É preciso remodelar o mundo do trabalho, onde as diferenças históricas entre homens e mulheres se mantêm em relação ao acesso ao mercado de trabalho formal, condições de remuneração, empregabilidade, proteção social e direitos trabalhistas fundamentais, somados a uma carga maior para nós mulheres no que diz respeito aos afazeres domésticos.  Nós mulheres contemporâneas debatemos entre conciliar antigos e novos papéis, na tentativa de equilibrar as atribuições no trabalho, na vida pessoal e na familiar.

Assim, as estratégias de promoção de igualdade de gênero no mundo do trabalho exigem a atenção e ações articuladas no âmbito das políticas públicas e da sociedade civil, para que se possa repensar as formas de organização do trabalho nas suas diferentes esferas, tanto pública como privada. Neste contexto, nós mulheres precisamos quebrar barreiras, romper paradigmas e mudar o mundo.