CTB repudia decisão da Ford e se solidariza com metalúrgicos
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal) lançaram Nota conjunta de repúdio à decisão da Ford, que anunciou nesta segunda (11) que fecharia suas três fábricas no Brasil.
Mais de 5 mil trabalhadores serão afetados com o encerramento das atividades nas plantas de Camaçari, na Bahia, Taubaté, em São Paulo, e Horizonte, no Ceará.
De acordo com a Nota da CTB e Fitmetal, a empresa recebeu aproximadamente R$ 20 bilhões em incentivos fiscais entre 1999 e 2020. “As justificativas usadas pela Ford não levam em conta os bilionários recursos que recebeu, na forma de renúncia fiscal”, afirmam as entidades.
Centrais – Nesta quarta (13), as Centrais Sindicais se reúnem para decidir qual trabalho será feito em defesa dos empregos.
Nota – Leia a seguir a Nota da CTB e Fitmetal em defesa dos trabalhadores da Ford.
Todo apoio aos metalúrgicos e às metalúrgicas da Ford!
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e a FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) repudiam a decisão unilateral da Ford, anunciada nesta segunda-feira (11/01), de fechar suas três fábricas no País. Em duas dessas plantas, Camaçari (BA) e Taubaté (SP), a produção será interrompida já nesta terça (12), com a demissão imediata e irresponsável de milhares de trabalhadores em plena pandemia de Covid-19.
As justificativas usadas pela direção da Ford não levam em conta os bilionários recursos que a montadora recebeu, na forma de renúncia fiscal, em especial no complexo de Camaçari. Ainda que governos como os de Michel Temer e Jair Bolsonaro não tenham investido à altura na indústria, levantamento da Receita Federal estima que os incentivos para a Ford, entre 1999 e 2020, foram de aproximadamente R$ 20 bilhões.
O Brasil tem um dos maiores mercados consumidores de automóveis no mundo. As próprias entidades patronais, como a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e a Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores), reconheceram que a queda em vendas decorrente da pandemia ficou abaixo do previsto.
É lamentável que Bolsonaro, em especial, se cale e se omita diante de mais um retrocesso para a indústria brasileira. Mas, infelizmente, é cada vez menos surpreendente que uma empresa do porte da Ford prefira manter seus negócios em países de economia de menor porte, como a Argentina e o Uruguai, transferindo para lá empregos qualificados e decentes.
Além dos trabalhadores – os mais afetados com a acelerada desindustrialização do País –, uma saída para crises como a da Ford deve envolver o Poder Público (governos federal, estadual e municipal), o setor automotivo e outros segmentos industriais. As direções da CTB e da FITMETAL darão apoio às entidades sindicais envolvidas com as bases da Ford, em especial o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, que já convocou uma agenda de lutas em defesa da preservação do emprego. Só na Bahia, o complexo Ford gera 12 mil postos de trabalho, sendo 8 mil na fábrica e outros 4 mil no setor de autopeças, além de dezenas de milhares de empregos indiretos.
Todo apoio aos trabalhadores e às trabalhadoras da Ford e do complexo automotivo, bem como a seus sindicatos, nesta batalha em defesa da vida, do emprego e dos direitos!
Adilson Araújo, presidente da CTB
Marcelino da Roch, presidente da FITMETAL
Fonte: Agência Sindical