Projeto de Alcolumbre: ajuda financeira ou chantagem?
Estamos vivendo momentos de dor e de profundas mudanças. Esta frase é bem apropriada para o momento atual que estamos vivendo, seria muito sensato se, neste momento de dor a solidariedade, fosse o termo mais usado para enfrentarmos a crise. Porém, estamos nos deparando com o sentido contrário, pois, na verdade, muita gente esta se aproveitando do momento de dor para tirar proveito e vantagem, e isto vem acontecendo ao alcance dos nossos olhos, seja no comércio, nas relações de trabalho e com maior ênfase, na política.
O povo brasileiro está pagando o preço do desmonte do estado, com maior foco para o setor da saúde que, sem receber investimentos e ter a sua estrutura esfacelada pelas privatizações e pelas terceirizações, não consegue absorver a demanda de atendimento à população. Com isto, vidas são ceifadas e, no muito, o que o povo brasileiro recebe como consolo, é um “e daí”. A maioria dos municípios brasileiros, assim como de alguns estados, estão à beira do colapso financeiro. Em sua grande maioria , a responsabilidade é dos gestores. Neste momento, o que se espera das autoridades federais, sejam do executivo ou legislativo, é a solidariedade e o apoio em dar aporte financeiro para equilibrar as contas e, com isto, garantir a tranquilidade das famílias.
Mas o que estamos assistindo, na verdade, é uma chantagem que se coloca, principalmente, contra os servidores públicos que, em sua grande maioria, recebem baixos salários e convivem com precárias condições de trabalho. Foi criado no Brasil um conceito errado, colocando os servidores públicos como afortunados, que recebem salários altos e com amplas mordomias, o que não procede com a realidade.
Exemplo disto são as centenas de servidores públicos do setor da saúde que perderam as suas vidas nas últimas semanas. Condicionar aporte financeiro ao congelamento dos salários dos servidores é uma atitude de total desrespeito, pois não são os servidores os responsáveis pelo descompasso e negligência com a administração dos Estados e dos Municípios.
Propor tal projeto é o mesmo que dizer para alguém que bate na porta da sua casa com fome: ” eu te dou apenas uma fatia de pão, ou você come ou morre de fome”. Após a pandemia do coronavirus, muita coisa mudará, mas esperamos que a principal mudança seja o povo aprender a votar certo.
Cosme Nogueira
Presidente da Feserp MG