A força da mulher no mundo do trabalho
No mês da mulher, a Feserp continua a sondar lideranças sindicais sobre a participação feminina no mundo do trabalho, em uma série de posts com lideranças sindicais femininas que podem ser acessados aqui e aqui.
Dados Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, revelam que as mulheres ganham menos do que os homens: o rendimento mensal médio das mulheres foi 22% menor. Mesmo quando ocupam o mesmo cargo que homens, as mulheres ganham menos: a cada dez diretores e gerentes, 4 eram mulheres, mas o rendimento delas foi 29% menor.
Com rendimentos inferiores aos recebidos pelos homens, a contribuição para a previdência das mulheres também é menor, impactando no valor das aposentadorias. Em média, a aposentadoria das mulheres foi 17% menor do que a dos homens,
Quando o assunto são os afazeres domésticos, as mulheres gastaram 95% mais tempo do que os homens. Em média, foram 541 horas a mais por ano, equivalente a 68 dias (considerando uma jornada de
8 horas/dia).
“Os desafios da mulher trabalhadora hoje são misoginia, assédio e dupla, muitas vezes tripla, jornada de trabalho. A jornada doméstica chega a impedir o crescimento profissional, uma vez que a mulher não tem com quem deixar os filhos ou dividir as tarefas do dia-a-dia. Para vencer o preconceito, precisamos mudar a forma como educamos a sociedade, que oprime as mulheres por meio de papéis pré-definidos. A mulher é romantizada como mãe, cuidadora que ama incondicionalmente. Isso não nos permite avançar. Para ocupar mais espaços, é necessário derrubar estereótipos e expectativas do que os homens acreditam que a mulher deva ser. Na política, falta formação e envolvimento em movimentos sociais e mais possibilidades acadêmicas. Não basta ocupar espaços, a mulher tem que entender que se faz necessário defender e auxiliar na ascensão de outras mulheres. Incentivar não apenas o voto feminino, mas sim o voto feminino por meio de propostas.”
Jéssica Teodoro, Diretora de Administração e Financeira do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Nova Serrana /MG.
“Sou mulher negra, acadêmica, funcionária pública e sindicalista.
Percebo que a luta da mulher nos espaços sociais, políticos, acadêmico, aumentou significativamente, porém, ainda existem muitas barreiras a serem derrubadas. A figura da mulher nos espaços social, midiático e político tem sido tratada apenas como representação de cota. Falta às mulheres união. Temos que ocupar estes espaços com consciência e responsabilidade social, fazer valer o direito de igualdade, de dignidade da pessoa humana para, então, sermos vistas como seres humanos fortes, empoderadas. São mães trabalhadoras e chefes de família, que trabalham dia e noite, que enfrentam, diariamente, em seus locais de trabalho, nos meios de transporte, o assédio moral e sexual simplesmente por ser mulher, isso tem que acabar. Até quando seremos assassinadas por vestirmos short, saia e usarmos batom e brinco? O desafio maior é não se calar e não desistir de lutar.”
Fernanda de Oliveira Carvalho, servidora pública, auxiliar de serviços lotada no Departamento Municipal de Limpeza Urbana da cidade de Juiz de Fora/MG.