O Brasil corre o risco de virar uma “idiocracia”, diz um artigo publicado pelo jornal francês Le Monde. O texto avalia o nível intelectual do governo de Jair Bolsonaro e compara a situação do Brasil à filme “Idiocracy”, comédia que mostra um futuro em que os Estados Unidos seriam um país dominado pela ignorância. O texto faz referência a um artigo publicado pela Folha, e diz que a situação do país evoca preocupações “ligadas ao nível intelectual de Bolsonaro, à frente do Estado desde 1º de janeiro, e têm a ver com o caos que o presidente mantém, alimentando-se de controvérsias triviais e vulgares nas redes sociais, atacando a cultura, as ciências sociais e humanas, cortando orçametos universitários e mantendo uma obsessão marcante com assuntos fálicos em detrimento do avanço de reformas cruciais”.

O Monde cita ainda as polêmicas envolvendo filhos do presidente e o “guru” do governo, Olavo de Carvalho, que “divulgou a suposição de que a Terra seja plana”.

Assim, diz, foram reforçadas “as questões sobre a bagagem intelectual do chefe de Estado, temendo que o Brasil esteja prestes a se tornar uma ‘idiocracia’. Uma referência ao título da comédia cult de ficção científica de Mike Judge ‘Idiocracy’, que descreve uma sociedade movida pelo anti-intelectualismo, pelo mercado e pela degradação ambiental”.

Segundo o Monde, entretanto, pode ser perigoso questionar a racionalidade do governo. “O nível intelectual de Bolsonaro é questionado pela imprensa e alguns de seus compatriotas, mas o caos que ele mantém pode ser parte de sua estratégia política”, diz.

O tom de censura adotado pelo jornal francês na reportagem consolida uma postura fortemente crítica do Monde em relação à situação política do Brasil. Em textos recentes, o jornal criticou o governo do Rio de Janeiro pelo aumento da violência policial, publicou um artigo atacando a política ambiental de Bolsonaro, e disse em um editorial que o presidente não tem ideia de como governar. O contraponto a este posicionamento foi a publicação de uma entrevista com o vice-presidente Hamilton Morão, que defendeu o presidente.

Fonte: UOL