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Deu na Mídia – S.S. do Paraíso: Maria Rejane faz balanço de sua gestão à frente do Sindicato

Fonte: Jornal do Sudoeste, São Sebastião do Paraíso – edição de 26/outubro/2018

A presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Sebastião de Paraíso e Sudoeste Mineiro (Sempre-Sudoeste), Maria Rejane Tenório de Araújo Santos, deixa a presidência do Sindicato que passará a ter à sua frente o servidor Rildo Domingos. Após 12 anos lutando em prol dos servidores, Rejane faz um balanço positivo da sua gestão que, além ter realizado importantes conquistas para o Sempre, também avançou muito no que diz respeito aos direitos dos servidores públicos municipais. Rejane assumiu a presidência do Sindicato em novembro de 2006 e, naquele momento, enfrentou dificuldades que foram superadas à custa de muito trabalho e dedicação.

Conforme conta a servidora, até então não havia uma abertura sobre a situação do Sempre, que se encontrava com muitas dívidas e negativado. “Havia uma dívida muito alta e muitas dificuldades internas. Apesar de eu ser sindicalista e lutar pela causa dos trabalhadores, nunca tinha me envolvido na administração de um sindicato em si e foi a primeira vez que administrei algo no sentido político. Tive bastante dificuldade, mas tive muitas pessoas ao meu lado que acertando ou errando, ajudaram-me muito neste processo”.

Apesar das dificuldades, Maria Rejane conseguiu equalizar as dívidas do Sindicato dois anos após assumir a presidência do Sempre. “Eram dívidas com empresas, com banco, contas de água, luz e telefone em atraso; a arrecadação era pouca, havia poucos filiados e não existia a contribuição sindical a época e, em 2007, após muita negociação, conseguimos fazer com que isto acontecesse em cumprimento à Constituição Federal, o que facilitou bastante e conseguimos sanar todas essas dívidas no ano seguinte, em 2008”, recorda.

A presidente do Sempre lembra que o servidor, naquele momento estava bastante desmotivado e carente de alguém que pudesse ouvir suas demandas. “Era uma carência de poder chegar ao Sindicado e ser ouvido, mesmo que a resolução dos problemas não dependesse de nós, mas exclusivamente do Poder Executivo e do Judiciário. É importante essa transparência e honestidade com o servidor, ouvindo-os e levando esta demanda a quem tem que atender e depois ter a coragem de dizer ‘não conseguimos’, já que o Sempre é o intermediador entre o servidor e a administração, cabendo a esta atender a reivindicação apresentada”.

Em 12 anos de gestão, Maria Rejane ressalta que conseguiu manter e aumentar o número de filiações, ampliação do Sempre, que agora é regional e atende a 10 cidades o que, segundo ressalta, foi importante para o fortalecimento Sindical. Também foram ampliados alguns convênios e criado um departamento jurídico totalmente sem custo para o servidor. O Sempre também adquiriu um automóvel que trouxe facilidade para o trabalho do Sindicato, além de maquinários, mobília e, o mais importante no ponto de vista da presidente do Sempre: resgatar a credibilidade do sindicato no comércio.

CONQUISTAS – Conforme Rejane, além da manutenção dos direitos do servidor e da luta ano a ano junto a Câmara Municipal que, conforme ela destaca, foi de suma importância em todos os seus mandatos, o Sempre conquistou a revisão do plano de cargos e carreira, preservar direitos dos servidores e conquistar outros como, por exemplo, o auxílio alimentação para os servidores afastados por motivo de doença e folga no dia do aniversário do servidor. “Do que oferecemos, conseguimos algumas ampliações como, por exemplo, um plano de parceria em saúde junto à Santa Casa, agilizando assim consultas e tratamentos ao servidor sindicalizado”.

Outro serviço que já era oferecido pelo Sempre e foi ampliado é o cartão de crédito RV Cards que funciona como uma antecipação salarial. “É o que tem socorrido o servidor ao longo desses anos, principalmente com a questão de atraso salarial. Hoje também temos plano odontológico e de saúde mais em conta para o servidor”, acrescenta.

TURBULÊNCIAS – Ao longo desses 12 anos, a presidente do sempre recorda dois momentos importantes da luta sindical no município, o primeiro deles ocorrido nos idos de 2009, quando no período da data-base, o Sempre lutava por um reajusta salarial que fosse condizente com a realidade do servidor público. “Nesta época fizemos uma greve decidida em assembleia dos servidores e foi minha primeira experiência como dirigente sindical, organizando e estando à frente de um movimento paredista. Naquela época, como agora, o nosso salário estava bastante defasado, a máquina pública estava inchada e havia muitos cargos comissionados. Naquele ano não houve diálogo produtivo com o chefe do Executivo”, recorda.

Porém, a pior crise enfrentada pelo Sempre viria alguns anos após, na gestão do então prefeito à época Rêmolo Aloise. “Esse período de 2015 a 2016, foi uma das piores fases porque não tivemos diálogo com o Executivo. Não eram apenas os servidores da ativa que estavam sofrendo com atraso salarial, mas os servidores aposentados, que já fazia três meses que não recebia e tivemos que fazer arrecadação de alimento e buscar pessoas que pudesse ajudar com o pagamento de água e luz desses aposentados. Houve truculência do gestor que não quis nos atender, nos ouvir e chegou a impedir que o Sindicato protoco-lasse ofícios junto ao no gabinete da Prefeitura e até de proibir servidores de fazer contato conosco. Mas formos vitoriosos, principalmente por causa do Judiciário local que foi bastante solícito em frear os abusos de autoridade, demissões de servidores entre outras ações daquele gestor. Foi um momento de turbulência, mas que fortaleceu o movimento sindical”, ressalta Rejane.

REFORMAS – De acordo com a presidente do Sempre, o impacto da Reforma Trabalhista foi muito negativo para o movimento sindical e deverá ser sentido a partir de 2019. Segundo destaca, essa reforma foi negativa para todos os setores e benéfica apenas para os grandes empresários. “Houve perdas de direito, sim, e isso enfraqueceu muito o Sindicato porque, a partir do momento que a reforma tenta barrar nossa participação junto ao patrão, isso enfraquece o movimento e deixa o servidor vulnerável. Nós lutamos contra, mas, infelizmente, a população tende a eleger candidatos que vai trabalhar contra ela própria”, lamentou.

“A reforma da previdência, que já está bastante avançada e é uma realidade, também é outra reforma totalmente prejudicial aos trabalhadores e, principalmente, aos servidores públicos. Quem tem um poder aquisitivo maior não sofre tanto e os políticos também não irão sofrer: eles fizeram da política uma profissão, recebem salários absurdos e ainda se aposentam como políticos e isso é uma aberração. Eles alegam que a previdência está quebrada, o que é mentira, e nós, que participamos de seminários, que estudamos a previdência, sabemos que essa alegação é apenas para satisfazer o empresariado e, principalmente, a previdência privada. Além disso, também engessaram recursos para a saúde e educação por 20 anos, que prejudica o servidor público enquanto cidadão e enquanto servidor, já que ficamos em uma situação difícil para exercer o nosso papel”, destaca.

PERDAS – É emocionada que Maria Rejane se recorda ao longo desses anos da perda de membros da diretoria do Sempre. “O servidor Alex Aparecido Fernandes, que foi um fiel escudeiro no meu primeiro e segundo mandato, foi uma grande perda para nós. Ele sempre esteve junto da gente e muitas vezes no silêncio me dizia muito mais do que aqueles que se expressavam com palavras; no terceiro mandato perdemos, não por causa de morte, mas devido a um AVC, a Carmem Silvia Peres Santos, uma pessoa formidável;  também perdemos o Castorino Xavier do Nascimento”, destaca.

“Rendo aqui meus agradecimentos a todos aqueles que estiveram comigo ao longo desses 12 anos. Foi um período de muito crescimento, inclusive espiritual, quando eu vim para o sindicato, vim em um momento muito difícil na minha vida pessoal. Acredito que Deus me trouxe para este movimento sindical para que eu resgatasse coisas que eu estava perdendo, entre elas a fé. Agradeço também às minhas filhas que eram pequenas e que hoje compreendem os motivos da luta de classes. Foi um aprendizado que não tem preço e vou estar com a mesma energia como tesoureira”, completa.

Texto: João Oliveira

Rejane - 5.11.18