Terceirização: mais um golpe nas relações de trabalho
O projeto que libera o trabalho terceirizado em todas as atividades das empresas e várias atividades do Estado foi aprovado na Câmara, na noite desta quarta-feira (22 de março). Por 231 votos a favor, 188 contra e oito abstenções, a base aliada do Governo de Michel Temer (PMDB) conseguiu ressuscitar o texto, proposto há 19 anos pelo Governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e já aprovado no Senado. A nova lei deve seguir para sanção do presidente Temer. A FESERP-MG considera a medida mais um golpe nas relações de trabalho, cada vez mais fragilizadas e precarizadas (Leia abaixo) o artigo sobre o tema do presidente da FESERP-MG, Cosme Nogueira).
Empregos temporários – O projeto também regulamenta aspectos do trabalho temporário, aumentando de três para seis meses o tempo máximo de sua duração, com possibilidade de extensão por mais 90 dias. Ou seja: até nove meses de trabalho temporário. Os temporários terão mesmo serviço de saúde e auxílio alimentação dos funcionários regulares, além da mesma jornada e salário. O texto aprovado inclui a possibilidade de contratação de temporários para substituir grevistas, se a greve for declarada abusiva ou houver paralisação de serviços essenciais.
Terceirização: mais uma medida contra o trabalhador
Foi votado e aprovado, nesta quarta-feira (22 de março), no Congresso Nacional, o PL (Projeto de Lei) 4302/98, que regulamenta a terceirização nas atividades meio e fim na iniciativa privada e no setor público – ou seja, terceirização geral.Um exemplo clássico é nas escolas, que antes poderia contratar só serviços terceirizados de limpeza, alimentação e contabilidade agora poderá também contratar professores terceirizados.
O projeto ficou tramitando na Câmara por 19 anos, e agora veio a paulada final. Muitas perguntas estão sem respostas. E a primeira delas é a seguinte: Por que os governos progressistas (de Lula da Silva e Dilma Rousseff) que antecederam o atual não retiraram o projeto da pauta? A segunda questão: agora estamos à mercê do veto do presidente da República Michel Temer. As centrais sindicais estão pressionando para que o presidente vete os pontos mais nocivos do projeto (e o mais forte é a terceirização das atividades meio e fim no setor público), mas podemos confiar nisso? Esse governo que aí está é o governo mais impopular da História, mas também é o governo mais articulado e forte no Congresso. Ou seja, consegue aprovar tudo o que quer. Falar em regulamentar a terceirização no setor privado, para garantir direitos trabalhistas aos trabalhadores, é uma coisa, mas terceirização geral é abrir a porteira. Já está mais que provado que a terceirização no setor público significa precarização, uma vez que a qualidade dos serviços prestados fica ameaçada. E a terceirização é uma porta aberta para a corrupção – Vide, como exemplo, as denúncias de irregularidades nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS). É inadmissível que o nosso país caminhe em direção ao retrocesso. O Governo faz o caminho inverso, levando o povo brasileiro cada vez mais para o empobrecimento, apresentando apenas medidas que favorecem o mercado financeiro. Retiraram os servidores públicos municipais e estaduais da Reforma da Previdência, tentando com isso enfraquecer os movimentos de rua. Mas se enganaram, pois os servidores públicos mais do que nunca têm a obrigação de permanecer com as suas turbinas da revolta acesas nas ruas, protestando contra essa onda reformista da direita, que só quer oprimir a classe trabalhadora. E, de fato, essa medida presidencial é só uma tentativa de ganhar tempo, protelar, passar para os estados e municípios a responsabilidade de fazer a Reforma e ainda assim prejudicar os servidores. Contra a terceirização! Contra a Reforma da Previdência! Contra qualquer tentativa de retirada de direitos dos trabalhadores!
Cosme Nogueira
Presidente da FESERP-MG