Homenageados no Congresso da FESERP-MG têm longa história de lutas e atuaram nos primórdios da Federação
(Juiz de Fora – MG) – Humanistas, pessoas de luta e de desprendimento na consolidação da FESERP-MG (Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais de Minas Gerais). Esse é o perfil dos homenageados pela entidade no I CONSIND – Congresso Sindical da FESERP-MG, que acontece em Belo Horizonte esta semana (de quarta a sexta-feira, 5 a 7 de novembro). O jornalista José Maria Rabelo, a advogada Elisângela Márcia do Nascimento, o contador e professor Luis Carlos Barbosa e os sindicalistas Afonso Ambrózio Lucas, Eduardo Duarte Dias (foto) e Marcos Vinício Gomes Pedro – os dois primeiros já falecidos – tem essas características.
José Maria Rabelo – mineiro de Campos Gerais, onde nasceu em 1928 – sempre exerceu uma extensa atividade política, social e jornalística. Em 1952 fundou, com o amigo Euro Arantes, o mítico jornal “Binômio”, de linha independente e contestadora, cheio de humor, denúncias, grandes reportagens, charges e crônicas de imenso valor, dando espaço a uma geração de jovens talentos: Fernando Gabeira, Roberto Drummond, Guy de Almeida, Oseas de Carvalho, Ponce de Leon, Ziraldo e Borjalo, entre eles. Com a Ditadura Militar, o jornal passou a ser alvo e o jornalista, perseguido. José Maria Rabelo teve que partir para o exílio, 15 longos anos longe do país, primeiro na Bolívia, depois no Chile e por fim na França. “O exílio é muito duro, pois nos separa de nossas raízes, de nossos amigos, dos parentes, de tudo o que fomos obrigados a deixar para trás”, declarou certa vez, acrescentando, no entanto, que não se arrepende de nada. “Sempre me senti honrado por ter participado da resistência à Ditadura. Se voltasse no tempo, faria da mesma forma, não saberia fazer de outra maneira. O sentimento que fica é o de perda, pois foram 21 anos em que o Brasil esteve mergulhado no obscurantismo e no atraso político. Hoje, no entanto, tenho uma sensação de vitória, uma vez que pude superar todas as adversidades sem nunca abrir mão de meus princípios morais e políticos. Essa é a maior vitória a que se pode aspirar”. Aos 86 anos, Rabelo continua na ativa e, entre outras atividades e projetos, acaba de lançar o livro “Belo Horizonte. Do Arraial à Metrópole”, sobre a história da capital mineira.
A advogada Elisângela Márcia do Nascimento não viveu essa época de trevas no país, mas sua luta é igualmente edificante, a favor do servidor público, sem contar que, desde 2009, atuou decisivamente para que a FESERP-MG obtivesse seu reconhecimento jurídico. Também a serviço da Federação atua Luis Carlos Barbosa, contador de São João Nepomuceno. “São duas pessoas a quem devemos muito. Ela esteve sempre do nosso lado, dando tranquilidade e emprestando a sua competência quando mais precisamos. Ele é um profissional correto e tem sua vida marcada pelo esforço, o trabalho e a dignidade”, atesta o presidente da FESERP-MG Cosme Nogueira.
Também de grande importância para a consolidação da FESERP-MG é o sindicalista Marcos Vinício Gomes Pedro. “Ele abraçou a nossa causa por uma Federação democrática e representativa e lutou por ela como se fosse um dos nossos. Além de respeito e admiração, temos por ele uma imensa gratidão”, afirmou Cosme Nogueira. Marcos Vinício Gomes Pedro é vice-presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), 2º vice-presidente da CSPB (Confederação dos Servidores Públicos do Brasil) e ex-presidente da FASP/RJ (Federação das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos Estaduais e Municipais do Rio de Janeiro)
Os dois outros sindicalistas homenageados faleceram recentemente. Afonso Ambrózio Lucas era de Carandaí, pai do atual presidente do Sindicato dos Servidores da cidade, Carlos Alberto “Betinho” Lucas. Eduardo “Dudu” Duarte Dias (foto) era de Juiz de Fora e morreu em julho na plena função de presidente da Comissão de Ética da FESERP-MG, diretor do SINSERPU-JF e um dos diretores da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).